quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

Embora a relação entre alfabetização e letramento seja inegável, há que se começar por admitir que se tratam de fenômenos distintos. Para Soares (2003), a alfabetização pode ser compreendida como o processo de aquisição e apropriação do sistema da escrita, alfabético e ortográfico. Essa, por sua vez, deve ocorrer num contexto de letramento, compreendido como a etapa inicial da aprendizagem da escrita, onde há participação em eventos variados de leitura e de escrita visando o desenvolvimento de habilidades de uso da leitura e da escrita nas práticas sociais que envolvem a língua escrita.
Assim, concluímos que um indivíduo alfabetizado não é necessariamente um indivíduo letrado. Alfabetizado é aquele que sabe ler e escrever; letrado é aquele que sabe ler e escrever, mas que responde adequadamente às demandas sociais da leitura e da escrita. Alfabetizar letrando, seria então, ensinar a ler e escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita, assim o educando deve ser alfabetizado e letrado.
Letrar significa colocar a criança no mundo letrado, trabalhando com os distintos usos de escrita na sociedade. Essa inclusão começa muito antes da alfabetização, quando a criança começa a interagir socialmente com as práticas de letramento no seu mundo social. O letramento é cultural, por isso muitas crianças já vão para a escola com o conhecimento alcançado de maneira informal absorvido no cotidiano. Ao conhecer a importância do letramento, deixamos de exercitar o aprendizado automático e repetitivo, baseado na descontextualização
Métodos de alfabetização
Existem duas opções para o ensino da leitura: ou parte-se da parte para o todo, que são os métodos sintéticos, ou parte-se do todo para as partes, os chamados métodos analíticos.
a) Métodos sintéticos:
Estabelecem correspondência entre o som e a grafia, entre o oral e o escrito, através do aprendizado de letra por letra, ou sílaba por sílaba. Podem ser de três tipos: alfabético, fônico, ou silábico. No método alfabético, o estudante aprende inicialmente as letras, depois forma as sílabas juntando as consoantes com as vogais, para, depois, formar as palavras que constroem o texto. No método fônico, também conhecido como fonético, o aluno parte do som das letras, unindo o som da consoante com o som da vogal, pronunciando a sílaba formada. Já no silábico, o aluno aprende primeiro as sílabas para formar as palavras.
Por estes métodos, a aprendizagem é feita primeiro através de uma leitura mecânica do texto, através da decifração das palavras, vindo posteriormente a sua leitura com compreensão. Nestes métodos, as cartilhas são utilizadas para orientar os alunos e professores no aprendizado. Esses métodos são, frequentemente, criticados e apontados como mais cansativos e desinteressantes para as crianças, pois são baseados na repetição e, muitas vezes, desconectados da realidade da criança.
b) Métodos analíticos:
Partem do pressuposto de que a leitura é um ato global e, portanto, partem de unidades completas de linguagem para depois dividi-las em partes menores, assim, a criança pode partir da frase para extrair as palavras e, depois, dividi-las em unidades mais simples, as sílabas. Pode ser de três tipos: palavração, sentenciação ou global.
Na palavração, como o próprio nome diz, parte-se da palavra. Primeiro, existe o contato com os vocábulos em uma seqüência que engloba todos os sons da língua e, depois da aquisição de um certo número de palavras, inicia-se a formação das frases. Na sentenciação, a unidade inicial do aprendizado é a frase, que é depois dividida em palavras, de onde são extraídos os elementos mais simples: as sílabas. Já no global, também conhecido como conto e estória, o método é composto por várias unidades de leitura que têm começo, meio e fim, sendo ligadas por frases com sentido para formar um enredo de interesse da criança.
Os críticos deste método dizem que a criança não aprende a ler, apenas decora. Além disso, destina-se na prática deste método, muito tempo para a cópia.
Para Frade (2007) não deveríamos nos preocupar com a oposição entre os métodos de alfabetização, até porque, há que se reconhecer que todos têm limites. Deveríamos sim fazer uma associação de metodologias que nos permitisse ensinar não somente o sistema de escrita, mas também a compreensão da função social da escrita, colaborando para que os alunos se tornem leitores e produtores de textos.

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