A Educação Física, num primeiro momento de sua história no Brasil, teve um início mais efetivo na época imperial, com traços herdados da área médica e mais tarde da área militar. Favorecia a educação do corpo, tendo . como meta a constituição de um físico saudável e equilibrado organicamente, menos suscetível às doenças.
As instituições militares que, com grande influência do positivismo, visavam formar indivíduos fortes, bem dispostos ao trabalho, saudáveis, fisicamente preparados e adestrados. Essas mesmas instituições militares foram as grandes divulgadoras da Educação Física no Brasil
A educação física, ainda vem sofrendo um processo de mudanças, por outro lado existia certa resistência em atualizar a prática pedagógica dentro das escolas.
Segundo Huizinga, o jogo é uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro de certos limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentido de tensão e de alegria e de uma consciência de ser diferente da vida cotidiana.
Piaget, subdividiu os jogos em três tipos: jogos de exercício, jogos simbólico e jogos de regras.
O jogo de exercício caracteriza-se pela repetição prazerosa de gestos aprendidos, definindo uma como lúdica, e que não é exclusiva deste ou daquele período de vida, porém, apresenta-se como única forma jogo para crianças que ainda não estruturaram as representações mentais.
Já no jogo simbólico, podem-se resolver conflitos e realizar desejos que não foram possíveis em situações não lúdicas. No jogo simbólico pode-se fazer de conta aquilo que na realidade não foi possível.
O jogo de regras. representando normas e regras de um convívio em sociedade; jogando, os participantes o fazer socialmente.
É necessário ter sempre em mente que a aquisição de uma nova forma de jogo não exclui as anteriores, pois podem acontecer simultaneamente, respeitando o desenvolvimento maturacional do indivíduo, sempre de forma ascendente. Agregando valores e aprendizagens.
Segundo Freire, o jogo é uma coisa nova feita de coisas velhas. Freire ressalta que perder o controle sobre os alunos faz com que os professores abram mão de se utilizar do jogo com veículo educacional, mesmo que a intenção seja apenas utilitária.
A Educação Física, por assim dizer, certamente não se isenta desse tipo de educação e, pelo contrário, considerando as características presentes em suas aulas, torna o ambiente propício para que se invista na construção de valores individuais e coletivos. Também é muito privilegiada por situações que permitem, na maioria das vezes, ao aluno expressar mais livremente sua totalidade se, é claro, o professor conseguir enxergar esta possibilidade em suas aulas. Piaget realizou seus estudos sobre moralidade com base em jogos infantis, ou seja, jogos que considerou como sociais, uma vez que contemplam todo um sistema complexo de regras, com códigos próprios e sua jurisprudência.
Piaget define que toda moralidade deve ser procurada no respeito que o individuo adquire por essas regras, e que o real valor moral não está em sua mera obediência, mas sim no porque dessa obediência, o que certamente verte para um processo de construção interior muito ligado à afetividade.
Segundo Piaget são dois os fatores que influenciam o sujeito e o meio em que vivem, um interagindo e modificando o outro a todo momento. Ainda constatou que o estudo da moralidade infantil esclarece, de certo modo, a do adulto, e declara que o processo de construção dessa moralidade se dá quando ainda se é criança e que a evolução da mesma é reflexo disso.
Piaget, ainda, argumenta que o desenvolvimento da moral abrange três fases, denominadas: anomia, heteronomia, autonomia. Tendo conhecimento que as crianças e seguem fases mais ou menos parecidas quanto ao desenvolvimento moral, cabe ao educador compreender que há determinadas formas de lidar com diferentes situações e diferentes faixas etárias.
Acredito que a educação física como disciplina do currículo escolar, não tem, portanto, tarefas diferentes do que a escola em geral. Sendo assim, considerações a seu respeito não podem afasta-la da responsabilidade que a população brasileira exige da escola que é ensinar, e ensinar bem. Devemos saber qual o conhecimento que nossa disciplina deve oferecer aos seus alunos. Portanto, qual deve ser o conhecimento que a Educação Física deve tratar dentro da instituição escolar? A ideia de superioridade do saber científico em detrimento ao saber cultural é algo impensável para uma educação que se dirige ao ser humano, que, por sua vez, também é um ser que deve ser encarado em sua plenitude.
Uma Educação Física Escolar com base na vertente cultural, não serão aceitos elementos da pedagogia tecnicista, pois ela dependerá do que pode vir a ocorrer, dependerá dos questionamentos e interesses surgidos a partir da problematização dos alunos sobre os temas que terão relevância para eles, o que não quer dizer que a aula será improvisada, nem mesmo o papel do professor será o de constante pesquisador dos temas e mediador entre os alunos e o mundo cultural, buscando criar situações problematizadoras, levar e introduzir novas informações, levantar questionamentos, instigar a reflexão e o diálogo entre os vários tipos de linguagens.
Os métodos de ensino utilizados é que ocorre a apropriação dos conhecimentos é por meio de sua aplicação prática que são possíveis as construções, interpretações e intervenções na realidade. Assim, dependendo de suas formas de uso na escola, esses métodos poderão verter ou para uma perspectiva conservadora ou para uma perspectiva progressista de educação
No Brasil, os jogos populares são quase todos da Europa e aqui chegaram por intermédio dos colonizadores, dos migrantes e dos colégios estrangeiros, laicos e religiosos.
O esporte vem sendo indiscriminadamente elevado ao importante ou até confundido com a própria Educação Física Escolar. O esporte possui algumas características e semelhanças que o aproxima do jogo (divertimento, participantes, regras, competição), sendo o contexto um dos fatores mais determinantes para sua diferenciação e possível afastamento das características marcantes encontradas no jogo, como a espontaneidade, a flexibilidade, o descompromisso, a criatividade, a fantasia, a expressividade, etc., com características culturais próprias.
É possível dizer que os jogos populares, também denominados tradicionais, têm origem no anonimato e adquirem características de transmissão oral, conservação e mudança ao mesmo tempo, pois a cultura está sempre em transformação, o que possibilita a incorporação de novos significados guardando a produção espiritual de um povo em determinado período histórico.
No Brasil, os jogos populares são quase todos da Europa e aqui chegaram por intermédio dos colonizadores, dos migrantes e dos colégios estrangeiros, laicos e religiosos.
Nos séculos XV e XVI, a dança começou a ser influenciada por uma nova visão. O homem, que antes dançava de forma mais espontânea e popular, passou a estudar as posturas mais adequadas, com movimentos mais precisos e codificados, seguindo um sistema formal. A dança, que, durante séculos, procurou expressar os sentimentos e os hábitos do cotidiano do trabalho e da vida dos homens, modificou-se conforme as transformações da sociedade e viu-se aprisionada por técnicas e passos estruturados.
A dança é a arte mais antiga que o homem experimentou e a primeira arte a vivenciar com o nascimento. Através da dança como forma de ritual, o homem tentava não apenas invocar as forças da natureza, mas também se convencer da força de seu povo sobre os fenômenos naturais, satisfazendo seus desejos e necessidades.
Porém, como muitos acreditam, a dança pode ser considerada como algo inerente ao homem, assim, como não podemos simplesmente arrancar a cultura que este homem carrega, não podemos simplesmente arrancar-lhe a dança, que é uma das manifestações dessa cultura.
O gesto adquire então maior valor do que a emoção que o produziria, provocando uma ruptura com o interior. Os movimentos reproduzem gestos sem significados próprios, desprezando o natural em nome de uma ordem previamente estabelecida.
Acredito que certos comportamentos e ações dos alunos nas aulas e até em outros momentos, podemos perceber o quão disseminada está a visão de vencer a qualquer preço e que certos professores ainda acreditam que a competição se resume a essa visão, enfatizando que a cooperação é algo muito distante e até utópico, coisa que só existe na cabeça dos sonhadores. A mídia escrita, falada e, principalmente, a televisiva auxilia na difusão deste ideário, enaltecendo ações que justificam o uso da violência para alcançar resultados, a transgressão às regras, estimulando o uso de todos os artifícios para se levar vantagens em tudo, assim, o que deveria ser repudiado é, muitas vezes inconscientemente, apoiado e reproduzido pela sociedade.
A competição e a cooperação nas aulas das escolas, devem buscar o entendimento crítico sobre os significados e sentidos produzidos culturalmente, os quais são manifestados nas relações de poder, nas questões de consumo, de gênero, de classe e que cada manifestação carrega peculiaridades de determinada cultura e época de criação, sendo assim, não há certo ou errado, adequado ou inadequado, bom ou ruim, mocinho ou bandido, evitando emitir juízos de valor que qualifiquem os outros como piores e nós como corretos, pois a escola, enquanto espaço público e democrático, poderá problematizar todas, aprofundando o estudo sobre seus sentidos e significados.
A sociedade nos obriga a conviver com culturas variadas, a escola tem hoje como uma de suas funções sociais realizar a interlocução entre os diferentes, convidando os indivíduos a vivenciarem outras formas de enxergar e entender o mundo, o que ainda não garante que essas diferenças serão aceitas ou respeitadas.
A vivência pura e simples de atividades e situações não gera consciência faz-se necessário também o questionamento crítico e o aprofundamento dos conhecimentos trazidos pelos alunos e dos conhecimentos considerados próprios da escola, os quais são carregados de influências de seus contextos e que por isso precisam ser ponderados, resinificados, estudados em sua fundamentação histórica e sociocultural, e não apenas reproduzidos.
Acredito que se nós como educadores não apontarmos os reais problemas da educação e se não agirmos com seriedade para a solução dos mesmos, continuará a não ter importância alguma, nem para nossos governantes, nem para nossos alunos e de certa forma nem para nós mesmos.
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